Abu Bakr al-Baghdadi

terrorista iraquiano, Líder do Estado Islâmico

Ibrahim Awwad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai (Samarra, 28 de julho de 1971 - Idlib, 26 de outubro de 2019) (em árabe: ابراهيم عواد ابراهيم علي البدري السامرائي), conhecido anteriormente como Dr. Ibrahim e Abu Dua (أبو دعاء),[2] comumente conhecido pelo nome de guerra Abu Bakr al-Baghdadi (أبو بكر البغدادي),[3] e que tentava se afirmar como um descendente do Profeta Maomé, mais recentemente como Abu Bakr Al-Baghdadi Al-Husseini Al-Qurashi (em árabe: أبو بكر البغدادي الحسيني القرشي) e até recentemente, antes de sua morte, como Miralmuminim Califa Abrahim,[4][5] (أمير المؤمنين الخليفة إبراهيم) foi um terrorista iraquiano e autointitulado Califachefe de estado e monarca absoluto teocrático — da organização fundamentalista chamada Estado Islâmico do Iraque e do Levante (em árabe: الدولة الاسلامية في العراق والشام), que atua primordialmente no oeste do Iraque e nordeste da Síria. Sob seu comando, esse grupo iniciou uma enorme expansão militar na região do Oriente Médio, vindo a influenciar outros grupos extremistas pelo mundo. Seus comandados foram acusados de cometerem diversas atrocidades, como assassinatos em massa, torturas, estupros e saques.[6]

Abu Bakr al-Baghdadi
أبو بكر البغدادي
Abu Bakr al-Baghdadi
al-Baghdadi em 2004
Líder do Estado Islâmico do Iraque e do Levante
(autoproclamado Califa)
Período7 de abril de 201326 de outubro de 2019
Sucessor(a)Abu Ibrahim al-Qurayshi
Emir do Estado Islâmico do Iraque
Período18 de abril de 20107 de abril de 2013
Antecessor(a)Abu Omar al-Baghdadi
Sucessor(a)Posição abolida
Dados pessoais
Nome completoIbrahim Awwad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai
(em árabe: ابراهيم عواد ابراهيم علي البدري السامرائي)
Nascimento28 de julho de 1971[1]
próximo a Samarra, Iraque[1]
Morte26 de outubro de 2019 (48 anos)
Barisha, Idlib, Síria
Nacionalidadeiraquiano
Alma materUniversidade de Bagdá
ReligiãoIslã sunita
Serviço militar
Lealdade Jamaat Jaysh Ahl al-Sunnah wa-l-Jamaah (2003–2006)
Al-Qaeda (2006-2013)
Estado Islâmico do Iraque e do Levante (2013-2019)
Anos de serviço2003–2019
GraduaçãoEmir
ConflitosGuerra ao Terror:

Baghdadi nasceu em Samarra, Iraque e obteve bacharelado em estudos islâmicos no final dos anos 1990. Após a Invasão do Iraque em 2003, ele se juntou a Insurgência iraquiana islamista-salafista[3] e foi brevemente detido pelas forças dos Estados Unidos em 2004.[7] Posteriormente se juntou à Al-Qaeda no Iraque e subiu na hierarquia até ser nomeado líder do grupo em 2010.[8] Na época, a organização tinha mudado o nome para "Estado Islâmico do Iraque".[9] Após a saída dos Estados Unidos do Iraque em 2011, o Estado Islâmico aproveitou para se expandir dentro do país, e com a eclosão da Guerra Civil Síria, aproveitou o vácuo de poder para expandir para o país vizinho. Assim, em 2013 foi declarado a criação do Estado Islâmico do Iraque e do Levante e em 2014, o EIIL quebrou laços com a Al-Qaeda e Abu Bakr al-Baghdadi se declarou Califa de todos os muçulmanos e o Estado Islâmico seu califado.[10]

Em 4 de outubro de 2011, o Departamento de Estado dos Estados Unidos listou al-Baghdadi como um terrorista internacional procurado[11] e anunciou uma recompensa de 10 milhões de dólares por informações que levassem à sua captura ou morte.[12] Em 16 de dezembro de 2016, os EUA aumentaram a recompensa para US$ 25 milhões,[13] mesma recompensa oferecida pelo líder da al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri.[14]

Em 26 de outubro de 2019, Abu Bakr al-Baghdadi foi morto na cidade de Barisha, no noroeste da Síria, em uma operação militar conduzida por forças especiais dos Estados Unidos.[15] Ele foi sucedido na posição de líder do Estado Islâmico por Abu Ibrahim al Hashimi al-Qurayshi que, de acordo com o EIIL, seria um "jihadista veterano".[16]

Antecedentes

Acredita-se que Al-Baghdadi teria nascido em Samarra, no Iraque, em 1971. Os relatórios sugerem que ele era um imame no momento da invasão do Iraque em 2003, liderada pelos Estados Unidos.[3]

Ele tinha um bacharelado em estudos islâmicos pela Universidade Islâmica de Bagdá[17] e conseguiu um mestrado e um PhD em estudos do alcorão, em 1999 e 2007, respectivamente.[18]

Atividade militante

Após a invasão do Iraque pelos EUA em 2003, al-Baghdadi supostamente levou vários grupos militantes menores, antes de ser promovido a ter um lugar no assento do Conselho Mujahideen Shura e no conselho judicial do Estado Islâmico do Iraque.[19]

De acordo com os registos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, al-Baghdadi foi mantido em Camp Bucca como um "interno civil" pelo exército dos Estados Unidos no Iraque, onde permaneceu por 10 meses, desde o início de fevereiro 2004. Uma "Revisão Combinada e Conselho de Libertação" recomendou a libertação incondicional de al-Baghdadi, embora não haja registo de ela ter ocorrido em qualquer outro momento.[7]

Como líder do Estado Islâmico do Iraque

O Estado Islâmico do Iraque era uma organização fundamentalista islâmica, que representava a al-Qaeda em território iraquiano. Al-Baghdadi foi anunciado como líder do grupo em 16 de maio de 2010, após a morte de seu antecessor, Abu Omar al-Baghdadi em uma operação no mês anterior.[8]

Como líder da al-Qaeda no Iraque, al-Baghdadi foi responsável pela gestão e pela direção de operações em grande escala, como o ataque à Mesquita de Umm al-Qura, em Bagdá, em 28 de agosto de 2011, que matou o deputado proeminente sunita Khalid al-Fahdawi. Entre março e abril de 2011, a Estado Islâmico reivindicou vinte e três ataques ao sul de Bagdá, os quais foram alegadamente associados ao comando de al-Baghdadi.[12]

Em 2 de maio de 2011, forças especiais dos Estados Unidos atacaram um complexo residencial em Abbottabad, no Paquistão, onde mataram o líder supremo da al-Qaeda, Osama bin Laden. Abu Bakr al-Baghdadi rapidamente divulgou um comunicado elogiando bin Laden e ameaçou uma violenta retaliação em razão de sua morte.[12] Em 5 de maio de 2011, al-Baghdad assumiu a responsabilidade por um ataque em Al-Hillah, que matou 24 policiais e feriu outros 72.[12]

Em 15 de agosto de 2011, uma onda de ataques suicidas do Estado Islâmico tiveram início em Moçul, resultando em 70 mortes.[12] Pouco depois, a al-Qaeda prometeu, em seu site, realizar cem ataques em todo o Iraque, em retaliação à morte de bin Laden.[12] Ele afirmou que essa campanha seria característica de vários métodos de ataque, incluindo incursões, ataques suicidas, bombas de beira de estrada e ataques com armas de pequeno porte, em todas as cidades e áreas rurais do país inteiro.[12]

Em 22 de dezembro de 2011, uma série de ataques com carros-bomba coordenados e bombas caseiras atingiu mais de uma dezena de bairros em Bagdá, matando pelo menos 63 pessoas e ferindo 180; o ataque ocorreu poucos dias depois de os EUA completarem a retirada de suas tropas do país.[12] Em 26 de dezembro, o Estado Islâmico divulgou um comunicado em fóruns jihadistas da internet que davam crédito para a operação, afirmando que os alvos do ataque em Bagdá foram feitos "com explorada e pesquisada precisão" e que as "operações foram distribuídas na sede de segurança, visando às patrulhas militares e aos imundos do Exército al-Dajjal [senhor da guerra xiita Muqtada al-Sadr do Exército Mahd]".

Em 2 de dezembro de 2012, as autoridades iraquianas afirmaram que tinham capturado al-Baghdadi, em Bagdá após uma operação de rastreamento de dois meses. Os oficiais afirmaram que eles tinham também apreendido uma lista contendo os nomes e localizações de outros agentes da Al-Qaeda. No entanto, esta alegação foi rejeitada pelo Estado Islâmico. Em entrevista à Al Jazeera, em 7 de dezembro de 2012, o Ministro Interino do Interior iraquiano disse que o homem preso não era al-Baghdadi, mas, sim, um comandante responsável por uma área que se estende desde os arredores do norte de Bagdá até Taji.

Como líder do Estado Islâmico do Iraque e do Levante

Al-Baghdadi permaneceu como líder do Estado Islâmico do Iraque até sua expansão formal sobre a Síria em 2013, quando em um comunicado em 8 de abril de 2013, ele anunciou a formação do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) - alternativamente traduzido do árabe como o Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS, ou ISIS em inglês). Como líder do EIIL, al-Baghdadi encarregou-se de executar todas as atividades do grupo no Iraque e na Síria.

Ao anunciar a formação do Estado Islâmico, al-Baghdadi afirmou que a facção jihadista da Guerra Civil Síria, Jabhat al-Nusra - também conhecida como Frente Al-Nusra - tinha sido uma extensão do EIIL na Síria e estava agora mesclada. O líder da Frente al-Nusra, Abu Mohammad al-Jawlani, negou esta fusão dos dois grupos e apelou ao emir Ayman al-Zawahiri da al-Qaeda que emitiu uma declaração ao qual o Estado Islâmico deveria ser abolido e que al-Baghdadi devia limitar as atividades do seu grupo para o Iraque. Al-Baghdadi, no entanto, descartou a decisão de al-Zawahiri e assumiu o controle de um número relatado de 80% dos combatentes estrangeiros da Jabhat al-Nusra. Em janeiro de 2014, o EIIL expulsou a Frente al-Nusra da cidade síria de Raqqa, e nos mesmos confrontos de meses, entre as duas facções na Síria, matou centenas de combatentes e desalojou dezenas de milhares de civis. Em fevereiro de 2014, al-Qaeda desmentiu ter quaisquer relações com o EIIL.

De acordo com várias fontes ocidentais, Abu Bakr al-Baghdadi e o Estado Islâmico do Iraque e da Síria receberam financiamento e recrutaram combatentes através de campanhas de alistamento de cidadãos da Arábia Saudita e do Qatar.[20][21][22][23]

Califa do Estado Islâmico

Em 29 de junho de 2014, o EIIL anunciou a criação de um califado e al-Baghdadi foi nomeado o seu califa, a ser conhecido como califa Ibrahim, e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante foi rebatizado como simplesmente "Estado Islâmico" (EI).[5]

A declaração deste califado foi fortemente criticada por governos do Oriente Médio, por outros grupos jihadistas,[24] e por teólogos e historiadores sunitas. Yusuf al-Qaradawi, um proeminente estudioso, que mora no Qatar, declarou: "[A] declaração emitida pelo Estado Islâmico é nula sob a sharia e tem consequências perigosas para os sunitas no Iraque e para a revolta na Síria", acrescentando que o título de califa "só pode ser conferido por toda a nação muçulmana", e não por um único grupo.[25]

Em 2 de julho de 2014, al-Baghdadi anunciou que o EI iria marchar sobre Roma na sua tentativa de estabelecer um Estado islâmico do Oriente Médio na Europa, dizendo que ele iria conquistar Roma e a Espanha nesse esforço.[26]

Em 5 de julho de 2014, um vídeo foi lançado mostrando al-Baghdadi fazendo aparentemente um discurso na Grande Mesquita de Nuri, em Moçul, no norte do Iraque. Um representante do governo iraquiano negou que o vídeo era de al-Baghdadi, chamando-o de uma "farsa". No entanto, tanto a BBC e a Associated Press citaram autoridades iraquianas não identificadas como tendo dito que o homem no vídeo seria al-Baghdadi. No vídeo, ele declarou-se o líder mundial dos muçulmanos e "Príncipe dos Fiéis" e pediu aos muçulmanos, em todos os lugares, para apoiá-lo.[27] Contudo, poucos muçulmanos ouviram seu chamado e muitos países de maioria islâmica declararam al-Baghdadi e seu EIIL como terroristas. Uma enorme coalizão internacional formada por nações ocidentais (como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália) e por países muçulmanos (como Jordânia, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Marrocos) iniciou uma enorme campanha militar (travada principalmente por meios aéreos) contra o Estado Islâmico e al-Baghdadi tornou-se um dos terroristas mais procurados do mundo. Apesar do EIIL ter conquistado vários territórios entre 2014 e 2015, o grupo começou a perder terreno no Iraque e na Síria, ao ponto de, no início de 2019, não deterem mais nenhum centro urbano ou grande cidade. Ainda assim, Abu Bakr al-Baghdadi continuou comandando seus seguidores e ordenando que os simpatizantes de sua organização realizassem atentados terroristas pelo Oriente Médio e pelo mundo inteiro (como na Europa, Ásia e África). A retaliação das potências mundiais foi, lentamente, enfraquecendo o poder do Estado Islâmico e a organização perdeu muito de sua influência com o passar do tempo.[28]

Morte

Ver artigo principal: Operação Kayla Mueller
Presidente Trump com os principais funcionários civis e militares na sala de crise da Casa Branca durante a captura de al-Baghdadi.

Entre 2016 e 2018, a morte de al-Baghdadi foi anunciada várias vezes e rumores circularam pela imprensa mundial sobre seu óbito em diversos momentos, apenas para serem desmentidos logo em seguida.[29]

No dia 26 de outubro de 2019, informações começaram a circular que Abu Bakr al-Baghdadi teria sido morto numa operação militar, perto da vila de Barisha, no distrito de Idlib, no noroeste da Síria. No dia seguinte, o governo dos Estados Unidos confirmou a informação, com o presidente Donald Trump afirmando que tropas especiais americanas, após uma longa investigação, conduziram uma operação que resultou na morte do líder do Estado Islâmico. Nenhum militar norte-americano teria sido morto na batalha, mas duas crianças (que segundo informações seriam seus filhos) teriam perdido a vida quando al-Baghdadi detonou um cinturão de explosivos que carregava consigo.[29]

Em 31 de outubro, quatro dias após a confirmação da morte de al-Baghdadi, o Estado Islâmico confirmou a morte do seu líder e anunciou seu sucessor, um homem chamado Abu Ibrahim al Hashimi al-Qurayshi.[30][16]

Ver também

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Referências