Cobalto

elemento químico com número atómico 27
 Nota: Para o automóvel produzido pela General Motors, veja Chevrolet Cobalt.
Cobalto
FerroCobaltoNíquel
 
 
27
Co
 
        
        
                  
                  
                                
                                
Co
Ródio
Tabela completaTabela estendida
Aparência
cinza metálico


Lascas de cobato puro (99,9%), refinado eletroliticamente e um cubo de alta pureza (99,8%) de 1 cm3 para comparação.
Informações gerais
Nome, símbolo, númeroCobalto, Co, 27
Série químicaMetal de transição
Grupo, período, bloco9 (VIIIB), 4, d
Densidade, dureza8900 kg/m3, 5
Número CAS7440-48-4
Número EINECS
Propriedade atómicas
Massa atómica58,933195(5) u
Raio atómico (calculado)126 pm
Raio covalente152 pm
Raio de Van der Waalspm
Configuração electrónica[Ar] 3d7 4s2
Elétrons (por nível de energia)2, 8, 15, 2 (ver imagem)
Estado(s) de oxidação2, 3 (anfótero)
Óxido
Estrutura cristalinahexagonal
Propriedades físicas
Estado da matériasólido
Ponto de fusão1768 K
Ponto de ebulição3200 K
Entalpia de fusão16,06 kJ/mol
Entalpia de vaporização377 kJ/mol
Temperatura crítica K
Pressão crítica Pa
Volume molar6,67×10−6 m3/mol
Pressão de vapor1 Pa a 1790 K
Velocidade do som4720 m/s a 20 °C
Classe magnéticaferromagnético
Susceptibilidade magnética
Permeabilidade magnética
Temperatura de Curie1348 K
Diversos
Eletronegatividade (Pauling)1,88
Calor específicoJ/(kg·K)
Condutividade elétricaS/m
Condutividade térmica100 W/(m·K)
1.º Potencial de ionização760,4 kJ/mol
2.º Potencial de ionização1648 kJ/mol
3.º Potencial de ionização3232 kJ/mol
4.º Potencial de ionização4950 kJ/mol
5.º Potencial de ionizaçãokJ/mol
6.º Potencial de ionizaçãokJ/mol
7.º Potencial de ionizaçãokJ/mol
8.º Potencial de ionizaçãokJ/mol
9.º Potencial de ionizaçãokJ/mol
10.º Potencial de ionizaçãokJ/mol
Isótopos mais estáveis
isoANMeia-vidaMDEdPD
MeV
56Cosintético77,27 dε4,56656Fe
57Cosintético271,79 dε0,83657Fe
58Cosintético70,86 dε2,30758Fe
59Co100%estável com 32 neutrões
60Cosintético5,2714 aβ, γ, γ2,82460Ni
Unidades do SI & CNTP, salvo indicação contrária.

Cobalto (do alemão Kobold, duende, demônio das minas) é um elemento químico, símbolo Co, número atômico 27 (27 prótons e 27 elétrons) e massa atómica 58,93 uma, encontrado em temperatura ambiente no estado sólido.

É um metal de transição situado no grupo 9 (anteriormente denominado VIIB) da Classificação Periódica dos Elementos. É utilizado para a produção de superligas usadas em turbinas de gás de aviões, ligas resistentes a corrosão, aços rápidos, carbetos, ferramentas de diamante e baterias de íon lítio. O Co-60, radioisótopo é usado como fonte de radiação gama em radioterapia e esterilização de alimentos.

Características principais

O cobalto é um metal que apresenta característica ferromagnética. Sua temperatura de Curie é de 1388 K (1114,85 °C, 2038,73 °F) . Normalmente é encontrado junto com o níquel, e ambos fazem parte dos meteoritos de ferro. É um elemento químico essencial para os mamíferos em pequenas quantidades. O Co-60, um radioisótopo, é um importante traçador e agente no tratamento do câncer.

O cobalto metálico é normalmente constituído de duas formas alotrópicas com estruturas cristalinas diferentes: hexagonal e cúbica centrada nas faces, sendo a temperatura de transição entre ambas de 722 K.

Apresenta estados de oxidação baixos. Os compostos nos quais o cobalto possui um estado de oxidação de +IV são pouco comuns. O estado de oxidação +II é muito frequente, assim como o +III (embora em menor escala, essencialmente presente em compostos de coordenação). Também existem complexos importantes com o cobalto apresentando estado de oxidação +1.

Aplicações

Papel biológico

O cobalto em pequena quantidade é um elemento químico essencial para numerosos organismos, incluindo os humanos. A presença de quantidades entre 0,13 e 0,30 ppm no solo melhora sensivelmente a saúde dos animais de pastoreio. O cobalto é um componente central da Vitamina B12. Existem diferentes versões moleculares desta vitamina. Hidroxicobalamina é uma versão natural desta vitamina, feita por alguns tipos de bactéria assim como a Metilcobalamina que é encontrada também em alguns alimentos. Ambas as versões também são encontradas e usadas na forma de suplemento. Cianocobalamina é uma versão sintética desta vitamina. Apresenta absorção pelo organismo diminuta em comparação a que ocorre pela Metilcobalamina.

História

Cerâmica chinesa azul com porcelana branca, fabricada c.1335

Compostos de cobalto têm sido utilizados por séculos por transmitir uma cor azul ao vidro e cerâmicas. O Cobalto foi detectado em esculturas egípcias e pedras preciosas persas do terceiro milênio A.C., nas ruinas de Pompéia (destruída em 79 A.C.) e na China da dinastia Tang (618-907) e Dinastia Ming (1368–1644).[1]

O elemento foi descoberto por Georg Brandt. A data do descobrimento é incerta, variando nas diversas fontes entre 1730 e 1737. Brandt foi capaz de demonstrar que o cobalto era o responsável pela coloração azul do vidro, que previamente era atribuído ao bismuto.

O nome do elemento é proveniente do alemão kobalt ou kobold, que significa espírito maligno ou demônio das minas, chamado assim pelos mineiros devido a sua toxicidade, e os problemas que ocasionava eram semelhantes aos do níquel, contaminando e degradando os elementos que se desejava extrair. Uma outra possível etimologia desta palavra é atribuída aos mineiros Harz e Erzgebirgechitze, que sentiram-se logrados, já que, além de não possuir o valor esperado, este metal era nocivo à saúde e à prata (metal que ocorre junto com o cobalto); segundo a lenda, acreditavam os mineiros que um duende roubava a prata, deixando o cobalto em seu lugar.

Durante o século XIX, entre 70 e 80% da produção mundial de cobalto era obtido na fábrica norueguesa Blaafarveværket do industrial prussiano Benjamin Wegner.

Em 1938 John Livingood e Glenn Seaborg descobriram o cobalto-60. A primeira máquina de radioterapia, bomba de cobalto, foi construída no Canadá por uma equipe liderada por Ivan Smith e Roy Errington, utilizada num paciente em 27 de outubro de 1951. O equipamento atualmente se encontra exposto no Saskatoon Cancer Centre, na cidade de Saskatoon (Saskatchewan).

Abundância e obtenção

O metal não é encontrado em estado nativo, mas em diversos minerais, razão pela qual é extraído normalmente junto com outros produtos, especialmente como subproduto do níquel e do cobre. Os principais minérios de cobalto são a cobaltita, eritrina, cobaltocalcita e skuterudita. Os maiores produtores de cobalto são a República Democrática do Congo, a República Popular da China, a Zâmbia, a Rússia e a Áustria.

Produção mundial em 2019, em toneladas por ano
1.  República Democrática do Congo100.000
2.  Rússia6.300
3.  Austrália5.740
4. Filipinas5.100
5.  Cuba3.800
6.  Madagáscar3.400
7.  Canadá3.340
8. Papua-Nova Guiné2.910
9.  China2.500
10.  Marrocos2.300

Fonte: USGS.


Um quadro diferente surge quando se analisam as empresas que administram minas de cobalto. Segundo reportagem publicada pela revista especializada illuminem, os principais produtores são empresas constituídas no Reino Unido (Glencore e Eurasian Natural Resources) e na China (China Molybdenum e Metorex). Os acionistas chineses, por sua vez, controlam as duas empresas que representam 13,8% da produção mundial e cerca de 24% da produção produzida por grandes empresas conhecidas e ativas. Por outro lado, as empresas constituídas na República Democrática do Congo controlam apenas 3,5% da produção global[2].

Compostos

Devido aos vários estados de oxidação que apresenta, existem numerosos compostos de cobalto. Os óxidos CoO (temperatura de Néel 291 K) e Co3O4 (temperatura de Néel 40 K) são ambos antiferromagnéticos a baixas temperaturas.

Isótopos

O cobalto natural contém um único isótopo estável, o Co-59. Se tem caracterizado 22 radioisótopos sendo os mais estáveis Co-60, o Co-57 e o Co-56 com meias-vidas de 5,2714 anos, 271,79 dias e 70,86 dias, respectivamente. Os demais isótopos radioativos apresentam meias vidas inferiores a 18 horas e a maioria menos de 1 segundo. A massa atómica dos isótopos do cobalto oscila entre 50 uma (Co-50) e 73 uma (Co-73). Os isótopos mais leves que o estável (Co-59) se desintegram principalmente por captura eletrônica originando isótopos de ferro, e os mais pesado que o isótopo estável se desintegram por emissão beta originando isótopos de níquel.

O cobalto-60 é usado em radioterapia em substituição ao rádio devido ao seu menor preço. Produz raios gamas com energias de 1,17 MeV e 1,33 MeV. Como fonte para unidades de cobaltoterapia possui aproximadamente quinze centímetros de diâmetro por dois de altura (Forma de um cilindro). Tais tipos de fonte provocam a aparição de zonas de penumbra (por causa de sua extensão) nas bordas do campo de irradiação. O metal tende a produzir um pó muito fino que dificulta a proteção frente a radiação. A fonte de Co-60 tem uma vida útil de aproximadamente 5 anos, porém superado este tempo continua sendo muito radioativo, motivo pelo qual estas fontes tem perdido, em certa medida, sua popularidade no ocidente.

Precauções

O cobalto metálico em pó finamente dividido é tóxico. Os compostos de cobalto geralmente devem ser manipulados com cuidado devido à ligeira toxicidade do metal.

O Co-60 é radioativo e a exposição a sua radiação pode provocar câncer. Na ingestão de Co-60 ocorre a acumulação de alguma quantidade nos tecidos, que é eliminada muito rapidamente. Numa eventual guerra nuclear, a emissão de nêutrons converteria o cobalto em Co-60 multiplicando os efeitos da radiação após a explosão, prolongando no tempo os efeitos da contaminação radioativa. Com este propósito se desenham algumas armas nucleares denominadas armas sujas (do inglês dirty bomb). A Máquina do Juízo Final, do filme Dr. Strangelove, e a lista do cobalto, da série National Kid, fazem alusão a esta bomba de cobalto. Em tempos de paz, o risco provém da inadequada manipulação ou manutenção das unidades de radioterapia.

Ver também

Referências

Ligações externas

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