A FIFA, em seu site, se referiu ao Troféu Sir Thomas Lipton como a primeira tentativa de organizar uma Copa do Mundo de Clubes[1] e à Copa Rio Internacional de 1951 — competição organizada pela CBD com o auxílio de dirigentes da FIFA — como o primeiro torneio de dimensão mundial, global, intercontinental de clubes ou a "primeira competição mundial de clubes" de acordo com documento oficial, e outorgando o status de campeão mundial ao vencedor desta competição em 2014.[2][3][4][5][6][7][8][9] Em outubro de 2017, a FIFA também outorgou o status de campeão mundial aos vencedores da Copa Intercontinental — torneio organizado de 1960 até 1979 por meio de uma parceria entre CONMEBOL e UEFA e a partir de 1980 pela Associação de Futebol do Japão (com supervisão dessas confederações), sendo também renomeada nesta época para Copa Toyota por motivos de patrocínio — a pedido do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez.[10][11][12] A Copa Intercontinental é aceita como a precursora direta da Copa do Mundo de Clubes da FIFA.[12] No entanto, a entidade não promoveu a unificação desses torneios com o seu certame, mantendo-os como competições mundiais distintas.[13][14]
O primeiro mundial de clubes organizado pela FIFA
Em 1999 a FIFA anunciou que no mês de janeiro de 2000, realizaria o primeiro mundial de clubes organizado pela entidade. A competição teria a participação de clubes representantes de todas as federações continentais filiadas à FIFA, mesmo que nem todos os times tenham sido campeões de suas competições continentais.
Por fim, a primeira edição da competição ocorreu em janeiro de 2000 no Brasil, e foi vencida pelo Corinthians.[15]
O anúncio da realização da Copa do Mundo de Clubes da FIFA a partir de 2000 levou o jornal O Estado de S. Paulo a supor que a edição de 1999 poderia ser a última edição da Copa Intercontinental. Porém, o mesmo jornal em sua edição de 30 de novembro de 1999 confirmou que os patrocinadores da Copa Intercontinental tinham um acerto com UEFA e CONMEBOL para a realização da mesma até 2003.[16] A FIFA, por outro lado, não conseguiu realizar sua Copa do Mundo de Clubes em 2001, 2002 e 2003, pois a edição de 2001 (prevista para julho e agosto de 2001) foi, em 18 de maio de 2001, postergada para 2003[17][18] e depois cancelada, em função de problemas com patrocinadores e parceiros da FIFA, sobretudo a ISL. Em fevereiro de 2004, a FIFA anunciou a intenção de relançar seu Mundial de Clubes. Após negociações entre a FIFA e os organizadores e patrocinadores da Copa Intercontinental (UEFA, CONMEBOL, Toyota), em maio de 2004 foi anunciado que a Intercontinental seria disputada pela última vez em 2004, e que a partir de 2005 ela seria substituída pela Copa do Mundo de Clubes da FIFA.[19][20]
Efetivação
A segunda edição da Copa do Mundo de Clubes da FIFA ocorreu, assim, em 2005, e a partir desta edição passaram a participar os campeões então vigentes das seis confederações continentais filiadas à FIFA, com critérios estabelecidos e sem convites: na primeira edição da competição em 2000, o Real Madrid participou como convidado, enquanto os representantes sul-americano e asiático já não eram os campeões vigentes daqueles continentes.[21][22][23] Participam da Copa do Mundo de Clubes da FIFA os campeões continentais de UEFA (Europa), CONCACAF (América do Norte, Central e Caribe), CONMEBOL (América do Sul), AFC (Ásia), CAF (África) e OFC (Oceania), ou seja, os campeões de todas as federações continentais.
O mundial teve como nome oficial "Campeonato Mundial de Clubes da FIFA" e viria a ser incorporado definitivamente no calendário futebolístico apenas em 2005. A partir de sua primeira edição, o certame já teve cinco sedes. O torneio de 2000 foi organizado no Brasil, com a final sendo decidida no estádio Maracanã, no Rio de Janeiro. De 2005 a 2008, o Japão foi o país escolhido para abrigar o campeonato, tendo suas finais acontecendo no Estádio Internacional de Yokohama e voltou a recebê-lo nos anos de 2011, 2012, 2015 e 2016. Em 2009, 2010, 2017, 2018 e 2021 o certame ocorreu nos Emirados Árabes Unidos, com a decisão tendo lugar no Estádio Sheikh Zayed, em Abu Dhabi. A realização do torneio nos anos 2013, 2014 e 2022 passou pelo Marrocos e as edições de 2019 e 2020 foram sediadas no Catar.[24]
Foi durante um jogo da Copa do Mundo de Clubes que o goleiro Iker Casillas, do Real Madrid, alcançou a marca de 700 jogos pela equipe, na partida final contra o San Lorenzo que ainda rendeu o título inédito ao Real Madrid.[25]
Estatísticas e desempenho
A competição teve, até 2023, vinte edições. Os clubes da América do Sul foram campeões em quatro ocasiões, enquanto os europeus venceram as outras dezesseis. Das quatro conquistas sul-americanas, todas são de equipes brasileiras, tendo outro país do continente se sagrado, no máximo, vice-campeão do certame. Já entre as conquistas europeias, oito são da Espanha, quatro da Inglaterra e duas cada da Itália e Alemanha.
Os clubes brasileiros são os únicos que venceram os europeus na final da competição: São Paulo em 2005, Internacional em 2006 e Corinthians em 2012.[26]
A equipe com mais participação é o Auckland City, da Nova Zelândia, a qual esteve presente nos anos de 2006, 2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2022 e 2023. O país que mais cedeu equipes para a disputa foi o Brasil com dez representantes, já o México é o país com mais aparições na disputa com dezoito classificações.
Campeão da África, TP Mazembe (RD Congo) foi o primeiro clube de fora do continente europeu e da América do Sul a disputar uma final de Copa do Mundo de Clubes, após vencer o Internacional na semifinal da edição de 2010.[28] Em 2013, o marroquino Raja Casablanca foi a segunda equipe africana a disputar a final e a primeira representante do país-sede na decisão depois de 2000, ganhando do Atlético Mineiro. O classificado pela vaga do país-sede se classificaria para a final novamente em 2016 e 2018: o japonês Kashima Antlers e o emiradense Al Ain, que venceram Atlético Nacional e River Plate, respectivamente. A primeira presença da CONCACAF na final ocorreu na edição de 2020 (realizada em 2021 por conta da pandemia de COVID-19), após o mexicano Tigres UANL bater o Palmeiras. O primeiro asiático a chegar na final enquanto campeão da Liga dos Campeões da AFC foi o saudita Al-Hilal, ao vencer o Flamengo, pela edição de 2022. Nas 19 edições do sistema eliminatório efetivado (a partir de 2005), estas foram as seis vezes em que um clube sul-americano foi eliminado na semifinal, enquanto os europeus se classificaram para todas as decisões e vencendo no tempo normal.
Das seis vezes que o sul-americano jogou a disputa pelo terceiro lugar (2010, 2013, 2016, 2018, 2020 e 2022), venceu quatro e sofreu dois empates nos 120 minutos (2016 e 2020), sendo que no último caso não se obteve êxito nas penalidades e o Palmeiras tornou-se a primeira equipe da CONMEBOL a ter ficado em quarto lugar.[29]
Mundial de Clubes FIFA: Novo formato, regulamento, nomenclatura e novo torneio
A fim de de ampliar e desenvolver melhor o futebol mundial, a entidade máxima do futebol anunciou novas melhorias para os torneios de clubes e seleções, principalmente mais participantes; e no caso do novo formato do mundial de clubes, um "verdadeiro" Mundial de Clubes, segundo o atual presidente da FIFA, Gianni Infantino.[30] De acordo com o presidente, o novo torneio será mais rentável, terá mais jogos e diminuirá os conflitos dos calendários nacionais e as datas FIFA. A proposta foi apresentada ao conselho da entidade durante reunião em março de 2019 em Bogotá, na Colômbia. A nova competição, incialmente planejada para ocorrer a partir de 2021, teria a dupla função de substituir os dois torneios que a FIFA considera fracasso de público e crítica: a Copa do Mundo de Clubes e a Copa das Confederações, que teve sua última edição organizada pela Rússia em 2017.
A ideia era que a competição tivesse 24 clubes: oito da Europa, seis da América do Sul e as demais divididas entre os demais continentes. A FIFA deixou para cada confederação continental definir os critérios de classificação ao Mundial. A Associação de Clubes Europeus foi contra o novo formato.[31] Previsto para ocorrer na China em 2021, a competição teve que ser adiada indefinidamente devido a pandemia de COVID-19,[32][33] assim como sua existência e continuação pela FIFA.[34][35] O orçamento da FIFA não incluía uma edição da Copa do Mundo de Clubes em 2022, com o calendário de competições fechado até 2024 e reaberto a partir de 2025.[36]
Porém, em 16 de dezembro de 2022, foi confirmada a edição de 2022 no Marrocos após vários impasses, com o formato das edições anteriores com sete clubes e disputada no início de 2023.[37][38] Já o novo evento da FIFA foi programado para junho de 2025, passando a ocorrer a cada quatro anos e com a inclusão de 32 clubes e não 24 como no torneio original planejado para 2021.[39] Em 17 de dezembro de 2023, o Conselho da FIFA definiu que será a primeira edição do novo torneio global da entidade denominado de Mundial de Clubes FIFA (oficialmente escrito em português).[40][41]
Em 2024, estreará outra competição da FIFA, a Copa Intercontinental da FIFA, uma copa anual entre os seis campeões continentais, em sistema eliminatório, semelhante a antiga Copa do Mundo de Clubes da FIFA.
Critérios de participação
Os atuais critérios usados para um clube participar do campeonato são as competições continentais ao redor do mundo mais o da principal competição nacional da sede.(*) Apenas tem a chance de disputar o certame os atuais campeões de cada torneio, que são:
(*) – Há também uma vaga do país anfitrião com critérios estabelecidos pela FIFA, a partir de 2007, preenchida pelo campeão nacional do país. Quando um clube do país-sede vence o título continental, a vaga é herdada para o vice-campeão continental para evitar que existam dois representantes de um só país como na primeira vez em 2000, quando uma das vagas foi indicada pela CBF (federação do país-sede).
Diversos prêmios são distribuídos a cada edição do torneio. Além do artilheiro do campeonato, os três melhores jogadores do certame recebem as Bolas de Ouro, de Prata e de Bronze, respectivamente. A equipe mais bem comportada e leal leva o Prêmio Fair Play.
a.^ Não era o atual campeão do seu continente (1999). Os campeões vigentes de América do Sul e Ásia, Palmeiras e Jubilo Iwata, respectivamente, foram designados para disputar a edição de 2001 do certame,[42] tendo o Palmeiras concordado com esta decisão.[43] Porém a edição de 2001 acabou sendo cancelada.
b.^ Indicado pela CBF para o Mundial em junho de 1999, como o campeão brasileiro de 1998. A alegação foi de que não haveria como definir o campeão de 1999 a tempo de preparar o sorteio dos grupos. Porém, como também foi o campeão brasileiro de 1999, era o atual campeão.
d.^ Como o campeão asiático foi um time japonês, para evitar a possibilidade de ocorrer uma final entre dois times de um mesmo país, o vice-campeão asiático foi posicionado no chaveamento na vaga do representante do país-sede.
e.^ O Auckland City, da Nova Zelândia, estava classificado como representante da OFC, mas em 15 de janeiro de 2021 a FIFA anunciou a desistência do clube na competição devido as medidas de quarentena exigidas pelas autoridades neozelandesas com relação a pandemia de COVID-19.[45]
f.^ O Auckland City foi nomeado como representante da OFC, mas em 31 de dezembro de 2021 anunciou sua desistência da competição devido pandemia de COVID-19, sendo substituído pelo AS Pirae, da Polinésia Francesa (Taiti).[46]
g.^ O Al-Hilal foi nomeado como representante da AFC em 23 de dezembro de 2022. Como a Liga dos Campeões da AFC de 2022 não havia sido finalizada a tempo, o clube saudita foi escolhido por ser o campeão da edição de 2021.[47]
h.^ Como o campeão africano foi um time marroquino, para evitar a possibilidade de ocorrer uma final entre dois times de um mesmo país, o vice-campeão africano foi posicionado no chaveamento na vaga do representante do país-sede.