Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (United Nations Human Rights Council - UNHRC) é o sucessor da Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos (United Nations Commission on Human Rights - UNCHR) e é parte do corpo de apoio à Assembleia Geral das Nações Unidas. Tem como principal missão promover e proteger os direitos humanos ao redor do mundo. O CDH é composto por 47 membros eleitos para mandatos de três anos com base em grupos regionais. A sede está localizada em Genebra. [1]

Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas
AcrônimoUNHRC
CDH
Fundação15 de março de 2006
SedeGenebra, Suíça
Websitehttps://www.ohchr.org
Organização das Nações Unidas
Sala usada pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas no Palácio das Nações, em Genebra, Suíça.

Histórico

Em 15 de março de 2006 a ONU aprovou a criação de uma nova organização de Direitos Humanos, apesar da oposição dos Estados Unidos.

O Conselho dos Direitos Humanos é formado por 47 países, enquanto a Comissão de Direitos Humanos contava com 53 países membros.

A criação do novo conselho foi aprovada por 170 membros da Assembleia - formada por 190. Quatro nações votaram contra :Estados Unidos, as Ilhas Marshall, Palau, e Israel. Não votaram: Bielorrússia, Irã e Venezuela.

Os Estados Unidos, as Ilhas Marshall, Palau e Israel justificaram seus votos contrários, alegando que haveria pouco poder envolvido e não se conseguiria evitar os abusos contra os Direitos Humanos que acontecem ao redor do mundo.[2]

Estrutura

As 47 cadeiras do conselho são distribuídas entre grupos regionais: 13 para a África, 13 para a Ásia, 6 para a Europa Oriental, 8 para a América Latina e Caribe, e 7 para Europa Ocidental e Outros, que inclui a América do Norte, Oceania e a Turquia. A primeira eleição de membros aconteceu no dia 9 de Maio de 2006.[1]

Diferentemente da UNCHR, que era criticada pela escolha do Sudão como líder, apesar do conflito de Darfur, os membros do UNHRC serão obrigados a cumprir com os "padrões mais altos de serviço" dos Direitos Humanos, e estarão sujeitos a controle periódico. Um membro da comissão pode ser suspenso pela Assembleia Geral por maioria de 2/3.

Mesmo assim, um grande problema persiste: várias organizações de defesa dos direitos humanos lamentaram que a China e outros países frequentemente criticados por desrespeito aos Direitos Humanos, como Argélia, Arábia Saudita, Azerbaijão, Bangladesh, Cuba, Nigéria, Paquistão[3], Rússia, e Tunísia, tenham sido designados para fazer parte deste novo organismo. Os Estados Unidos decidiram não participar do Conselho, pelo menos durante seu primeiro ano de existência. As autoridades norte-americanas queriam a criação de um organismo mais forte para denunciar as violações das liberdades.

O Conselho reuniu-se pela primeira vez entre 19 e 30 de Junho de 2006.

Composição atual

Composição atual do Conselho de Direitos Humanos e membros eleitos para o mandato de 2021 - 2023.[4]

MandatoÁfrica

(13)

Ásia

(13)

Europa Oriental

(6)

América Latina e Caribe

(8)

Europa Ocidental e Outros

(7)

2021–2023

[5]

Costa do Marfim

Gabão

Malawi

Senegal

 China

Nepal

Paquistão

 Uzbequistão

 Rússia

 Ucrânia

 Bolívia

 Cuba

 México

 França

 Reino Unido

2020–2022  Líbia

 Mauritânia

Sudão

Namíbia

Indonésia

 Japão

Ilhas Marshall

Coreia do Sul

 Armênia

 Polónia

 Brasil

 Venezuela

 Alemanha

 Países Baixos

2019–2021  Burquina Fasso

Camarões

Eritreia

Somália

Togo

 Bahrein

 Bangladesh

Fiji

 Índia

Filipinas

 Bulgária

 Chéquia

 Argentina

 Bahamas

Uruguai

 Áustria

 Dinamarca

 Itália

2018–2020  Angola

 República Democrática do Congo

Nigéria

Senegal

 Afeganistão

Nepal

 Catar

Paquistão

 Eslováquia

 Ucrânia

 Chile

 México

 Peru

 Austrália

Espanha

Presidentes

Lista dos presidentes do CDHNU[6]:

OrdemNomePaísMandato
17Václav Bálek  Chéquia1 de janeiro de 2023 – 31 de dezembro de 2023
16Federico Villegas  Argentina1 de janeiro de 2022 – 31 de dezembro de 2022
15Nazahat Shameen Khan Fiji1 de janeiro de 2021 – 31 de dezembro de 2021
14Elizabeth Tichy-Fisslberger  Áustria1 de janeiro de 2020 – 31 de dezembro de 2020[7]
13Coly Seck  Senegal1 de janeiro de 2019 – 31 de dezembro de 2019[8]
12Vojislav Šuc  Eslovênia1 de janeiro de 2018 – 31 de dezembro de 2018
11Joaquín Alexander Maza Martelli  El Salvador1 de janeiro de 2017 – 31 de dezembro de 2017
10Choi Kyong-lim  República da Coreia1 de janeiro de 2016 – 31 de dezembro de 2016[9]
9Joachim Rücker  Alemanha1 de janeiro de 2015 – 31 de dezembro de 2015
8Baudelaire Ndong Ella  Gabão1 de janeiro de 2014 – 31 de dezembro de 2014
7Remigiusz Henczel  Polónia1 de janeiro de 2013 – 31 de dezembro de 2013[10]
6Laura Dupuy Lasserre  Uruguai19 de junho de 2011 – 31 de dezembro de 2012
5Sihasak Phuangketkeow  Tailândia19 de junho de 2010 – 18 de junho de 2011[6]
4Alex Van Meeuwen  Bélgica19 de junho de 2009 – 18 de junho de 2010[6]
3Martin Ihoeghian Uhomoibhi  Nigéria19 de junho de 2008 – 18 de junho de 2009
2Doru Romulus Costea  Roménia19 de junho de 2007 – 18 de junho de 2008
1Luis Alfonso de Alba  México19 de junho de 2006 – 18 de junho de 2007

Criticismo

Condenações pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, por países, no periodo de 2006 a 2015
  • Israel - 61
  • Síria - 15
  • Mianmar - 12
  • Coreia do Norte - 8
  • Irão - 5
  • Bielorrússia - 4
  • Eritreia - 3
  • Sri Lanka - 3
  • Sudão - 2
  • Líbia - 2
  • Honduras - 1

"Nos nove anos da sua existência, o Conselho de Direitos Humanos da ONU condenou Israel mais vezes do que o resto do mundo em conjunto (...) com a maioria dos piores violadores do mundo a receberem carta branca, se não um lugar no próprio Conselho", afirmou Hillel Neuer, director executivo da UN Watch.

Fonte: UN Watch, 2015 [11]

Qualquer Estado membro da ONU pode candidatar-se ao Conselho sem critérios de selecção e os membros são eleitos por maioria simples da Assembleia Geral da ONU, na qual as democracias com separação de poderes estão em minoria. Isto contrasta com a pretensão do Conselho de que os seus membros devem satisfazer os mais elevados padrões de direitos humanos. Os valores ocidentais - desde a liberdade de imprensa ao direito à integridade física - estão a ser agressivamente contestados, segundo os membros ocidentais do Conselho.[12] Assim, o ex-relator especial da ONU sobre tortura, Manfred Nowak, comentou em 2010, por exemplo, que no Conselho de Direitos Humanos aqueles "estados que mais violam os direitos humanos têm a maioria".[13]

As vozes críticas salientam também que muitas das decisões do Conselho são motivadas politicamente, e não tomadas de uma perspectiva de direitos humanos. Desta forma, os Estados violadores dos direitos humanos proteger-se-iam uns aos outros e aos seus aliados.[14][15] A forte organização de votos dos Estados islâmicos, em particular, rejeita regularmente alegações de violações dos direitos humanos por exemplo no Uzebequistão, no Irão ou na faixa de Gaza pelo Hamas.[12] Também no conflito do Darfur, por instigação dos Estados africanos e asiáticos, que constituem a maioria no Conselho de Direitos Humanos, uma forte condenação das graves violações dos direitos humanos foi rejeitada várias vezes.[16][17]


Ver também

Referências

Ligações externas

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